Crônicas de um Cupido desarmado - Texto I
O joalheiro e os corações de pedra
Certa feita conheci em minhas andanças pelo plano humano um joalheiro, que devido a todas as atrocidades que passara desde o seu nascimento, cresceu com um vazio em seu peito, quase sempre que indolor, mas que as vezes sugava toda sua pouca força vital, o deixando a mercê da sorte , desejando com força a morte. Era um coração que lhe faltava.
Descobriu ele já na adolescência que poderia suprir tal falta do órgão com pedras preciosas que ele encontrara pelas suas andanças na Terra.
A primeira pedra que chamara sua atenção foi um Rubi, encontrado nas colinas onde cresceu, tão linda e magnifica pedra de incrível resistência e da mais pura forma, quase nem precisou lapida-la. Coube certinho em seu peito, completou totalmente o vazio, e lhe deu uma força indescritível sobre sua mórbida vida. Porém a boehmia na qual vivia na época fez com que o joalheiro as vezes deixasse de lado a pedra que o salvara por tantas e tantas noites. Um dia após mais uma noite de festa, onde fez questão de não levar a pedra, para que esta não seja notada, se deu por conta na volta a casa que seu inestimável rubi havia sido roubado, e que mais gente desejava seu tesouro e sua ideia. Caiu então na real e resolveu partir ali daquela terrinha que tanto amara.
Saiu em andanças pelo mundo, sempre em busca de uma outra pedra que suprisse o vazio em seu peito. Um dia quando já não procurava mais, viu ao lado da estrada que caminhava uma pedra verde de enorme tamanho e brilho tão intenso que até os cegos do mundo eram capaz de enxergar, era uma Esmeralda. A emoção era tanta que o jovem joalheiro nem percebeu que aquela pedra não lhe cabia, e nem fora feita pra ele. Tomado pelo desejo de se reerguer e ter forças novamente, arregaçou sua própria carne para poder sentir o poder que tal maravilha podia lhe proporcionar. Porem pedra tão perfeita não foi lapidada para ele, e um dia um bandoleiro dono da pedra, sabendo do achado importante do joalheiro veio reivindicar o que era seu por direito e acabou levando a maravilha que o joalheiro encontrara.
O joalheiro mais uma vez desolado voltou a caminhar pelo mundo a deriva, sem se preocupar mais em achar sua tão amada pedra, dada a por direito pelo destino. Novamente nas colinas de sua casa notou meio enterrada ao acaso e esquecida nas areias da desilusão uma pedra bruta, um pouco escura, devido as tempestades que já passara por ela. Se identificou com o brilho meio apagado da pedra e o poder que ela escondia, se assemelhava muito a ele, era uma ametista de grandeza rara que passara despercebida por muitos caçadores de tesouro.
Ele começou a lapidar aos poucos a pedra bruta com a experiência que a vida lhe deu. Tudo era perfeito, se encaixara perfeitamente em seu peito, e todo o carinho e cuidado que o joalheiro lhe dera fez da pedra um brilhante de valor inestimável, e de brilho mais intenso que as outras duas que passaram em seu peito. Sentiu ele por muito, que esta pedra era sua por direito , que um compensara os defeitos do outro fazendo deles um ser só, como sempre sonhara. O poder vital que ela lhe dera era tão grande que o fazia mover montanhas e passar por cima de todos os males que já vivera. Porem o medo de perder a pedra tão amada era grande, toda a noite ele a colocava em seu leito e segurava forte, esquecia assim dos seus pesadelos, e acabava as vezes esquecendo de poli-la, de tomar o cuidado necessário. Acabava esquecendo de faze-la sentir que seu peito era o melhor lugar para estar.
E quando se passou quase um ano que ela residira em seu peito, notou que a pedra não tinha mais o mesmo brilho, nem exalava as mesmas forças que tinha outrora, ele sugou como um parasita toda a força vital da pedra, sem ao menos dar nada de reserva a ela. Ela estava tão escura como quando a achara e com rachaduras tão intensas que já era tarde pra ele tentar fazer algo para recupera-la.
Um dia simplesmente ela se partiu em seu peito, encravando fundo todos os cacos em sua carne, ele perdeu então a pedra de mais valor que passou em sua vida. E ela mesmo não querendo, deixou cicatrizes tão fundas em seu peito que será quase impossível esquece-la.
Hoje apesar de estar ainda retirando aos poucos os cacos que estão em seu peito , o joalheiro tomou por decisão mais uma vez sair em busca da pedra que lhe proporcionará vida eterna, joia tão rara que o espera em algum lugar do plano. Leva na lembrança consigo o que aprendeu lapidando cada pedra especial que cruzara seu caminho. E sabe de tudo que tem que fazer, para não errar novamente.
O joalheiro e os corações de pedra
Certa feita conheci em minhas andanças pelo plano humano um joalheiro, que devido a todas as atrocidades que passara desde o seu nascimento, cresceu com um vazio em seu peito, quase sempre que indolor, mas que as vezes sugava toda sua pouca força vital, o deixando a mercê da sorte , desejando com força a morte. Era um coração que lhe faltava.
Descobriu ele já na adolescência que poderia suprir tal falta do órgão com pedras preciosas que ele encontrara pelas suas andanças na Terra.
A primeira pedra que chamara sua atenção foi um Rubi, encontrado nas colinas onde cresceu, tão linda e magnifica pedra de incrível resistência e da mais pura forma, quase nem precisou lapida-la. Coube certinho em seu peito, completou totalmente o vazio, e lhe deu uma força indescritível sobre sua mórbida vida. Porém a boehmia na qual vivia na época fez com que o joalheiro as vezes deixasse de lado a pedra que o salvara por tantas e tantas noites. Um dia após mais uma noite de festa, onde fez questão de não levar a pedra, para que esta não seja notada, se deu por conta na volta a casa que seu inestimável rubi havia sido roubado, e que mais gente desejava seu tesouro e sua ideia. Caiu então na real e resolveu partir ali daquela terrinha que tanto amara.
Saiu em andanças pelo mundo, sempre em busca de uma outra pedra que suprisse o vazio em seu peito. Um dia quando já não procurava mais, viu ao lado da estrada que caminhava uma pedra verde de enorme tamanho e brilho tão intenso que até os cegos do mundo eram capaz de enxergar, era uma Esmeralda. A emoção era tanta que o jovem joalheiro nem percebeu que aquela pedra não lhe cabia, e nem fora feita pra ele. Tomado pelo desejo de se reerguer e ter forças novamente, arregaçou sua própria carne para poder sentir o poder que tal maravilha podia lhe proporcionar. Porem pedra tão perfeita não foi lapidada para ele, e um dia um bandoleiro dono da pedra, sabendo do achado importante do joalheiro veio reivindicar o que era seu por direito e acabou levando a maravilha que o joalheiro encontrara.
O joalheiro mais uma vez desolado voltou a caminhar pelo mundo a deriva, sem se preocupar mais em achar sua tão amada pedra, dada a por direito pelo destino. Novamente nas colinas de sua casa notou meio enterrada ao acaso e esquecida nas areias da desilusão uma pedra bruta, um pouco escura, devido as tempestades que já passara por ela. Se identificou com o brilho meio apagado da pedra e o poder que ela escondia, se assemelhava muito a ele, era uma ametista de grandeza rara que passara despercebida por muitos caçadores de tesouro.
Ele começou a lapidar aos poucos a pedra bruta com a experiência que a vida lhe deu. Tudo era perfeito, se encaixara perfeitamente em seu peito, e todo o carinho e cuidado que o joalheiro lhe dera fez da pedra um brilhante de valor inestimável, e de brilho mais intenso que as outras duas que passaram em seu peito. Sentiu ele por muito, que esta pedra era sua por direito , que um compensara os defeitos do outro fazendo deles um ser só, como sempre sonhara. O poder vital que ela lhe dera era tão grande que o fazia mover montanhas e passar por cima de todos os males que já vivera. Porem o medo de perder a pedra tão amada era grande, toda a noite ele a colocava em seu leito e segurava forte, esquecia assim dos seus pesadelos, e acabava as vezes esquecendo de poli-la, de tomar o cuidado necessário. Acabava esquecendo de faze-la sentir que seu peito era o melhor lugar para estar.
E quando se passou quase um ano que ela residira em seu peito, notou que a pedra não tinha mais o mesmo brilho, nem exalava as mesmas forças que tinha outrora, ele sugou como um parasita toda a força vital da pedra, sem ao menos dar nada de reserva a ela. Ela estava tão escura como quando a achara e com rachaduras tão intensas que já era tarde pra ele tentar fazer algo para recupera-la.
Um dia simplesmente ela se partiu em seu peito, encravando fundo todos os cacos em sua carne, ele perdeu então a pedra de mais valor que passou em sua vida. E ela mesmo não querendo, deixou cicatrizes tão fundas em seu peito que será quase impossível esquece-la.
Hoje apesar de estar ainda retirando aos poucos os cacos que estão em seu peito , o joalheiro tomou por decisão mais uma vez sair em busca da pedra que lhe proporcionará vida eterna, joia tão rara que o espera em algum lugar do plano. Leva na lembrança consigo o que aprendeu lapidando cada pedra especial que cruzara seu caminho. E sabe de tudo que tem que fazer, para não errar novamente.