sábado, 18 de maio de 2019

CARACTERÍSTICAS DA RÁDIO

CARACTERÍSTICAS DA RÁDIO
Catarina Amaral
4º Ano do Curso de Comunicação Social
As características da rádio como meio de comunicação de massa fazem com que seja especialmente adequada para a transmissão da informação, podendo esta ser considerada a sua função principal: ela tem condições de transmitir a informação com mais rapidez do que qualquer outro meio.
A rádio foi o primeiro dos meios de comunicação de massa que deu imediatismo à notícia devido à possibilidade de divulgar os factos no exacto momento em que ocorrem. Permitiu que o Homem se sentisse participante de um mundo muito mais amplo do que aquele que estava ao alcance dos seus órgãos sensoriais: mediante uma ampliação da capacidade de ouvir, tornou-se possível saber o que está a acontecer em qualquer lugar do mundo (Beltrão, 1968).
Entre os meios de comunicação de massa, a rádio é o mais popular e o de maior alcance público, constituíndo-se, muitas vezes, no único a levar a informação para populações de vastas regiões que ainda hoje não têm acesso a outros meios, seja por motivos geográficos, económicos ou culturais. "Este status foi alcançado por dois factores congregados: o primeiro, de natureza fisico-psicológica - o facto de ter o Homem a capacidade de captar e reter a mensagem falada e sonora simultaneamente com a execução de outra actividade que não a especificamente receptiva; o outro, de natureza tecnológica - a descoberta do transitor" (Beltão,1968 p:112,113).
Uma das grandes vantagens da rádio sob o jornalismo impresso é que, além de informar, diverte. Além disso vence a distância sem que o repórter necessite sair do próprio local do acontecimento para transmitir notícias e está ao alcance de todos, inclusivé dos iletrados.
Dos restantes meios de comunicação de massas, a rádio é o mais privilegiado devido às suas características intrínsecas. Entre elas podemos destacar a linguagem oral, a mobilidade, o baixo custo, o imediatismo e a instantaneidade, a sensorialidade, a autonomia e a penetração (Lopes, s.d.).
No que se refere à linguagem convém realçar que, na informação radiofónica, ela é simples e caracterizada pela repetição de conceitos de modo a que o ouvinte possa assimilar a ideia que se pretende comunicar. Eliminar o supérfluo para não desvirtuar o significado da mensagem tornou-se um imperativo. Assim, a naturalidade de expressão prevalece em detrimento das palavras confusas e das frases complicadas, isto para que o ouvinte não se sinta forçado a esforços superiores à sua compreensão normal.
Numa emissão informativa todas as mensagens devem estar condicionadas a um ritmo. A harmonia dá-a o locutor que frequentemente utiliza separadores musicais ou ruídos com efeitos equivalentes aos parágrafos. Todo esse mosaico permite uma variedade que corta a monotonia da linguagem e, simultaneamente, retém a atenção do ouvinte (Meditsch,1999).
A rádio "fala" e, para receber a mensagem, é somente necessário ouvir. Portanto, a rádio tem uma grande vantagem sobre os veículos impressos: é que, entre o público radiofónico, pode estar incluído a faixa da população analfabeta que no caso do jornalismo impresso está eliminada à priori. Relativamente à televisão, o espectador também não precisa saber ler, apesar de cada vez mais, o alfabeto ser utilizado para veicular informações adicionais importantes que escapam ao iletrado, nomeadamente o nome do entrevistado e o local do acontecimento.
No que concerne à mobilidade, esta pode ser vista sob o prisma do emissor e do receptor.
Sendo menos complexa tecnicamente do que a televisão, a rádio pode estar presente com mais facilidade no local dos acontecimentos e transmitir as informações mais rapidamente do que a televisão (Lopes, s.d.).
Em comparação com a imprensa, a rádio reúne inúmeras vantagens, principalmente na emissão. As suas mensagens não requerem, necessariamente, preparo anterior podendo ser elaboradas enquanto estão a ser transmitidas. Além disso, a rádio elimina o aspecto crucial da distribuição: quem estiver predisposto a ouvir rádio, está apto a receber a informação com a utilização das unidades móveis de transmissão, as emissoras praticamente se deslocam, podendo emitir de qualquer lugar dentro do seu raio de acção.
Por sua vez, o receptor está livre de fios e tomadas. Por um lado, a rádio permite ao ouvinte conhecer a actualidade mundial sem sair de casa, por outro, pode conhecê-la durante uma viagem, no carro ou no trabalho. As características do rádio como meio de comunicação de massa fazem com que ele seja especialmente adequado para a transmissão da informação, que pode ser considerada como a sua função principal: a rádio tem condições de transmitir a informação com mais rapidez do que qualquer outro meio.
O tamanho diminuto de um receptor de rádio torna-o facilmente transportável permitindo, inclusive, uma recepção individualizada em lugares públicos. É, pois, o baixo custo do aparelho receptor que permite a sua aquisição a uma parcela extremamente vasta da população.
Na rádio, os factos podem ser transmitidos no instante em que ocorrem. Por isso, o imediatismo e a instantaneidade são as características básicas do radiojornalismo (Meditsch, 1999).
O aparato técnico para a transmissão é menos complexo que o da televisão e não exige a elaboração necessária dos impressos. A rádio permite trazer o mundo ao ouvinte enquanto os acontecimentos se desenrolam. A mensagem tem que ser recebida no momento em que é transmitida, caso contrário deixa de fazer sentido. Se o ouvinte não estiver exposto ao meio naquele instante, a mensagem não o atingirá e não é possível deixar para ouvir a mensagem em condições mais adequadas.
No que se refere à sensorialidade, a rádio envolve o ouvinte fazendo-o participar por meio de criação de um "diálogo mental" com o emissor. Em simultâneo, desperta a imaginação através da emocionalidade das palavras e dos recursos de sonoplastia, permitindo que as mensagens tenham nuances individuais.
Devido à sua autonomia, a rádio deixou de ser um meio de recepção colectiva e tornou-se individualizado. Esta característica permite ao emissor falar para toda a sua audiência como se falasse para cada ouvinte em particular. Com a actividade de ouvir podem desenvolver-se outras tarefas e, por isso, a rádio torna-se um "pano de fundo" em qualquer ambiente, despertando a atenção do ouvinte quando a mensagem é do seu interesse. Com a rádio podemos ouvir as notícias ao mesmo tempo que efectuamos outros trabalhos, o mesmo já não acontece com o telejornal televisivo se pretendermos associar a notícia à sua respectiva imagem.
No que se refere à penetração, em termos geográficos o rádio é o mais abrangente dos meios, podendo chegar aos pontos mais remotos e ser de alcance nacional ou mundial. A rádio é um «veículo de alcance universal, que pode levar a sua mensagem a qualquer parte do globo, no mesmo instante unindo populações antípodas - o rádio entretanto é de natureza eminentemente regional, quanto à sua principal audiência» (Beltrão,1968 p:114).
PAGINAÇÃO NA RÁDIO
Um locutor nunca se pode esquecer que a rádio se ouve e que não permite a visualização de imagens. Por isso, cada palavra tem de funcionar com a significação precisa. Isto pressupõe que a mensagem radiofónica (e também a televisiva) tenha de ser envolvente e estruturada. Muitas vezes, anuncia-se um acontecimento simultaneamente à produção dos factos, ou seja, em directo.
Um bloco noticioso na rádio precisa de hierarquizar as informações, uma em relação às outras. A estética de apresentação alia-se à razão de ordem que leva o ouvinte a escutar, chamando-lhe a atenção. Existe pois uma "paginação" que necessita ter comunicabilidade. A sua concepção requer equilíbrio, variedade e deve atrair o ouvinte.
Tal como na imprensa, também na rádio existe uma "primeira página" que fornece a imagem dos acontecimentos e que visa seduzir o ouvinte através da transmissão do mais importante (Lopes, s.d.). Contudo, a arquitectura do serviço noticioso nem sempre destaca, por exemplo, as "manchetes" da edição.
Saber qual a "paginação" radiofónica mais eficaz é uma tarefa difícil, isto é: onde e como deve ser transmitida a notícia mais importante da edição. A abrir e repeti-la a fechar? Separá-la com sons do bloco de desenvolvimento? Seja como for, em todo o bloco noticioso o "lead" é o mais importante.
Entre todo o material, escolher o tema principal de um jornal é uma tarefa ingrata e que está sempre sujeita a alterações. Por vezes, já com a edição no ar, uma notícia acabada de chegar, supera toda a força do noticiário anterior. Assim, a "paginação" do material noticioso fica sempre sujeito a alterações, até mesmo quando o jornal está já no "ar" a ser recebido pelos ouvintes (Lopes, s.d.).
No que se refere à "paginação" radiofónica, a linguagem, assim como o som, assumem um papel de extrema importância.
Relativamente ao som, este pode ser usado num serviço noticioso como um método de paginação, ou seja, um simples som pode facilitar a divisão entre várias notícias. No entanto, a separação noticiosa é, regra geral, feita através da linguagem. A linguagem radiofónica obriga, no caso da informação, a vários recursos de ligação dos assuntos. Essa "ligação" faz-se geralmente através de expressões típicas, tais como: "falemos agora de desporto"; "a nível nacional"; "do estrangeiro" (Meditsch, 1999).
Para além de assumir a função de separação entre as notícias, a linguagem radiofónica funciona também como um método de interligação usufruindo de expressões como: "entretanto"; "por seu lado"; "também"; ou repetindo palavras sonantes da notícia anterior para iludir um encadeamento noticioso. A ligação das notícias pode ainda fazer-se recorrendo à síntese do noticiário já lido e dos títulos ainda a apresentar (Lopes, s.d.).
Em suma, o locutor esforça-se por criar emotividade e descreve pormenores. Entusiasma-se e consegue entusiasmar o ouvinte. O locutor explora a matéria auditiva através dos inúmeros recursos dados pelos sons e seus efeitos, seja na base da palavra, seja na da música ou dos ruídos.
À semelhança do jornal, que utiliza a primeira página como "mostruário" de cada edição, a rádio começa por dar os títulos despertando o ouvinte para este ou aquele tema.
A paginação radiofónica rege-se por normas diferentes das da imprensa escrita: num jornal radiofónico todas as notícias são importantes e merecedoras de primeira página, o desenvolvimento fica para a imprensa escrita.
ESCREVER UM TEXTO PARA LOCUÇÃO
A fase do tratamento da informação vem na sequência das fases anteriores. O tratamento de uma dada informação depende da forma como a procura e a selecção foram feitas. Deste modo, se as fases anteriores foram completas e sistemáticas, o tratamento é mais simples já que a hierarquização dos aspectos a tratar e a escolha do ângulo são previsíveis (Lagardette, 1998).
Se nas fases anteriores os factos são descontextualizados do quadro em que ocorreram, na fase de tratamento faz-se o inverso: recontextualizam-se os acontecimentos mas num quadro diferente, isto é, dentro do formato do noticiário (Wolf, 1987). Enquanto que nas fases anteriores a tarefa do jornalista era informar-se e compreender os assuntos, agora a sua missão é a de informar e fazer compreender os factos.
Para uma fácil compreensão da informação desenvolveu-se um estilo próprio que, no entanto, não implica uma uniformidade total no modo de redacção, assim como também não implica a perda de personalidade dos repórteres: é o chamado estilo jornalístico. Todavia, se existem diferenças no modo de escrever de jornalista para jornalista, existem também semelhanças bem vincadas próprias do estilo jornalístico: as mais importantes são a simplicidade, a concisão e a vivacidade (Crato, 1982). No entanto, existem outras.
Tendo em conta que o relato é a explicação daquilo que o repórter testemunhou e que se destina a todas as classes sociais, deve ser simples e claro. No entanto, «clareza não significa banalização, nem simplicidade significa abastardamento da língua» (Crato, 1982 p:122).
A simplicidade é uma característica que o jornalista adquire com a prática. Deve utilizar frases curtas e com o mínimo de expressões, pois estas facilitam a compreensão do ouvinte e permitem ao repórter gerir a sua capacidade respiratória. O objectivo do jornalista é conjugar a clareza com o rigor da linguagem. Para isso, deve ser directo e conseguir dizer o máximo de informação no menor número possível de palavras. As informações devem ser concretas, apresentadas de forma directa e clara. É preferível utilizar palavras pequenas, conhecidas e concretas. Exige-se também a capacidade de encadear logicamente as ideias e evitar repetições (Lagardette, 1998).
Ao escrever com simplicidade e concisão, o jornalista confere vivacidade ao discurso. Para não proferir um relato seco e fastidioso, o repórter deve cativar a atenção dos ouvintes tornando a sua leitura o mais viva possível. As notícias devem ser escritas com sentido humano da realidade e não num estilo impessoal (Crato, 1982). Os verbos na voz activa, assim como a redacção no presente, além de simplificarem a frase, são um auxiliar importante para a vivacidade. Qualquer notícia tem de ser redigida de forma clara, concreta e concisa devendo sempre identificar as pessoas envolvidas pelo nome, cargo ou funções.
A peça é o relato da informação que o repórter apurou ou visualizou no local.
O Lead (ou abertura) constituí o primeiro parágrafo em que é dado o essencial da notícia. Ao ler o lead, o locutor profere as primeiras palavras do texto. Estas devem captar a atenção do ouvinte para que queira saber mais e ouvir a notícia até ao final. No lead deve indicar-se logo qual o ângulo que irá ser tratado ao longo da notícia e qual o facto novo que se pretende transmitir (Ganz, s.d.). O lead não deve ser uma frase negativa, nem interrogativa e também não deve ser uma citação entre aspas (Lagardette, 1998).
Em rádio, é sempre necessário tratar a última frase. Isto porque, para além de ser aquela que fica no ouvido e fecha o ângulo, a última frase funciona como rodapé e pode fazer ligação com outro tema.
O jornalista de rádio deve "escrever rápido" para que na leitura se tenha a sensação de rapidez, o que se atinge mediante a utilização de frases curtas, palavras breves e vivas. Expressões como "por outro lado", "entretanto", "assim", advérbios de modo e adjectivos devem ser evitados porque enfraquecem a frase e demoram a leitura. Sempre que possível, os verbos devem estar no presente do indicativo já que conferem a ideia de actualidade à notícia. O condicional deve ser evitado porque reduz o impacto da notícia e a voz activa deve prevalecer em relação à voz passiva (Crato, 1982). Tendo em mente que o ouvinte tem uma capacidade limitada de memorização, são aconselháveis frases curtas com uma só ideia e o mais importante da ideia deve estar no início da frase.
O uso de termos estrangeiros ou técnicos deve ser evitado, no entanto, se forem indispensáveis deve dar-se de seguida a sua explicação. Também as siglas devem ser sempre precedidas, na primeira citação, do nome completo de que foram formadas, excepto se elas próprias forem tão difundidas como o organismo que representam (é o caso da TAP, por exemplo).
Os títulos, sejam eles profissionais, universitários ou nobiliárquicos, devem ser eliminados sempre que representem uma forma de cortesia, exceptuando-se quando constituam um elemento útil para a compreensão da notícia (Lagardette, 1998).
O uso de linguagem figurada - metáforas, alegorias, eufemismos, etc. - deve ser dispensado já que a notícia de rádio se dirige a toda a população inclusive aos analfabetos. Muito embora o uso da linguagem figurada constitua um poderoso factor estilístico, o seu emprego pode comprometer seriamente a informação, contrariando o objectivo jornalístico e gerando confusão ao ouvinte.
Em suma, jornalismo não é literatura e se alguma modalidade jornalística se pode prestar a concessões literárias, não é o caso da notícia.
O texto deve ser sempre lido antes de ir para o "ar" e, se necessário, reformulado. Uma peça extensa torna-se cansativa, neste caso, o locutor deve cortá-la com uma intervenção justificada e que introduza um avanço na peça (Ganz, s.d.).
MONTAGEM DOS REGISTOS
A montagem é a preparação dos sons recolhidos. Em primeiro lugar é necessário ouvir a gravação, tomar notas e registar a duração para não se perder tempo. Por fim, seleccionam-se os sons para a peça.
Antes da montagem das notícias, o repórter ou o técnico de som, devem montar os registos não somente para reduzir a duração da gravação ou seleccionar um extracto, mas principalmente porque o material recolhido não está condensado. Assim, o material recolhido deve ser organizado de modo a tornar-se coerente e perceptível pelo público (Ganz, s.d.).
Após a selecção das notícias o responsável pelos boletins informativos terá de proceder à montagem dos registos e das notícias a transmitir. Usualmente, o critério aplicado na montagem é o da importância das notícias. Assim, a disposição das notícias num radiojornal obedece ao critério da pirâmide invertida, isto é, em ordem decrescente de importância e pelas diversas procedências em bloco, ou seja, notícias locais, nacionais e internacionais.
No caso de boletins de cinco a dez minutos, é recomendável que a notícia mais importante seja colocada no final do programa para se obter um maior impacto junto do público. O mesmo já não deve acontecer em noticiários de maior duração, aplicando-se então o critério geral, isto é, começar-se-á pelas notícias mais importantes (Ganz, s.d.).
Outro dos critérios de montagem das notícias, que é simultâneo com o anterior, é o da procedência das notícias. É usual dispor-se em primeiro lugar as notícias locais, seguindo-se as nacionais e, por último, as internacionais mantendo-se dentro de cada tipo a técnica da pirâmide invertida.
A reportagem, a entrevista ou a notícia são uma condensação da realidade, por isso o factor tempo não pode ser esquecido para que se consiga a sua coerência com o acontecimento (que se desenvolveu num período superior à duração da reportagem).
Em rádio o tempo é fundamental e tem de ser rigorosamente calculado para se saber o tempo disponível para as montagens. Na fixação da relação tempo-espaço nas notícias radiofónicas interferem três factores: o texto redigido, a velocidade do locutor e a sonoplastia (Sampaio, 1971).
Um linha de sessenta e oito espaços de máquina corresponde, em média, a cinco segundos de tempo. Quando existirem quaisquer números ou algarismos, estes devem ser escritos por extenso, uma vez que serão lidos e ocupam um determinado espaço que também é contabilizado.
Estes cinco segundos para uma linha de sessenta e oito espaços, não é uma medição aplicável a todos os locutores. No entanto, o locutor experiente controla a velocidade de leitura pela inflexão, aumentando ou diminuindo o ritmo de leitura. Convém salientar que, regra geral, os locutores mais lentos são os que melhor interpretam o texto.
Para estabelecer o tempo de duração do boletim informativo de rádio, o tempo ocupado pela sonoplastia, ou seja, características, passagens e outros recursos, deve ser rigorosamente cronometrado (Sampaio, 1971).
O LOCUTOR
Na transmissão da informação em rádio, a voz do locutor é de extrema importância.
Na selecção de um bom locutor interferem vários factores, nomeadamente a altura da voz, a dicção, a interpretação e o próprio nível cultural da pessoa (Fespers, 1998).
A voz do locutor deve ser preferencialmente grave, pois sugere confiança e transmite credibilidade. Geralmente, os locutores com voz aguda não conferem à notícia a autenticidade exigida aquando a sua transmissão.
No que se refere à dição, o locutor deve possuir um domínio complexo da técnica de respiração ou capacidade de emissão. Os textos devem ser lidos com calma para não serem suprimidas sílabas, principalmente as finais. Assim, as palavras devem ser proferidas com uniformidade e clareza do princípio ao fim (Fespers, 1998).
Um outro factor a ter em consideração é a interpretação que o locutor consegue fazer daquilo que lê. Ao ler uma notícia em rádio, o locutor deve ter capacidade de persuasão, ainda que essa persuasão se limite ao nível da informação. Saber mudar o tom da sua voz sempre que necessário; valorizar determinados períodos da notícia ou enfatizar algumas palavras; transmitir o seu sentido dramático, lírico romântico e irónico são, sem dúvida, os principais atributos de um bom locutor.
O nível de instrução do locutor também é um factor importante. Ele pode possuir todas as qualidades necessárias a um bom locutor em termos de voz, dicção, interpretação, mas se não possuí um nível cultural alargado será um péssimo locutor (Fespers, 1998).
Faz parte da boa apresentação do noticiário radiofónico a leitura antecipada e, se necessário, a revisão do texto a transmitir. Assim, ao "entrar no ar" o locutor sente-se mais seguro, pois já está, de certa forma, familiarizado com as notícias que vai ler.
BIBLIOGRAFIA
- BELTRÃO, Luiz - Jornalismo pela televisão e pelo rádio: perspectivas. In: Revista da escola de comunicações culturais, USP, vol.1, nº1, 1968.
- CRATO, Nuno- Comunicação social - A imprensa. Lisboa: editorial presença, L.da, 1998.
- GANZ, Pierre - A reportagem em rádio e televisão. Mem Martins: editorial inquérito, s.d.
- JESPERS, Jean-Jacques – Jornalismo televisivo. Coimbra: Minerva, 1ª edição, 1998.
- LAGARDETTE, Martin Jean-Luc - Manual de escrita jornalística- Escrevo- informo- convenço. Lisboa: editora pergaminho, 1998.
- LOPES, Victor Silva - Iniciação ao jornalismo audio-visual. Imagem impressa. Rádio. TV. Cinema. Lisboa: dinalivro, s.d..
- MEDITSCH, Eduardo - A rádio na era da informação. Colecção comunicação. Coimbra: editora Minerva, 1999.
- SAMPAIO, Walter – Jornalismo audiovisual, rádio, TV e cinema. Petrópolis: editora vozes L.da, 1971.